Sempre que me perguntam o que é engajamento no trabalho eu costumo responder da seguinte forma: É a extensão em que um profissional é envolvido, entusiasmado, dedicado e leal a uma organização.
Em outras palavras, ele é assim por que se sente realizado e esse tipo de sensação não é facilmente alterada pois estamos intrinsecamente ligados, somos leais e sentimos orgulho de fazer parte de algo.
Estamos comprometidos com a causa e com os valores da organização.
Por que o engajamento no trabalho é importante?
As empresas precisam dos grandes talentos, hoje mais do que nunca, o impacto que a tecnologia causou no ambiente de trabalho nos últimos anos é impressionante. Além disso, a velocidade com que isso vai continuar acontecendo vai aumentar de forma exponencial.
A automação, inteligência artificial e a robótica estão eliminando muitos dos trabalhos altamente repetitivos e manuais.
Entretanto, nosso contexto atual de trabalho possui necessidade de organizações mais horizontais e responsivas. Isso acaba exigindo que os colaboradores sejam muito mais pró-ativos e usem seus conhecimentos para tomada de decisões em uma extensão muito maior
A geração mais jovem de nativos digitais está chegando agora ao mercado de trabalho com expectativas muito diferente das dos seus pais e dos seus avôs.
Eu acho o conceito de motivação intrínseca muito fascinante, conhecer aquilo que move intrinsecamente os talentos da sua equipe fará toda a diferença, pode acreditar em mim.
Contudo, caso você queira entrar em maiores detalhes sobre motivação intrínseca e extrínseca, minha sugestão de leitura: A Teoria da Autodeterminação e o Modelo Amo Onde Trabalho.
Uma das coisas que vejo muito no meu trabalho são empresas que não se preocupam em saber como está a satisfação e o engajamento das pessoas ao realizar o seu trabalho, a maioria delas inclusive.
Porém existem muitas empresas que se preocupam com isso, a abordagem no entanto, na maioria das situações, não consegue alcançar o resultado desejado.
Para fundar a Amo Onde Trabalho foi necessário muito estudo, pesquisas e aplicação prática. Durante esse tempo conheci muitas formas e trabalhos sobre como podemos medir o engajamento e satisfação das nossas equipes.
Por exemplo, muitas empresas realizam pesquisas anuais com seus colaboradores, conheci empresas que iam além e coletavam métricas de comportamentos que indicassem algum tipo de problema de engajamento.
Em suma, quando realizamos uma pesquisa anual, o melhor que conseguimos é uma ideia de como as pessoas estão se sentindo naquele momento.
Mas e quanto ao que ocorreu no ambiente de trabalho durante o restante do ano?
Realizar pesquisas com mais frequência seria a solução?
Essas iniciativas são um bom início, porém elas acabam falhando em diversos aspectos.
O maior problema que sempre encontrei ao utilizar esses métodos foi que eles informam apenas a consequência, mas e quanto a causa do problema e possível solução?
Por exemplo, olhar para o resultado de uma pesquisa ou mesmo perceber algum problema que está ocorrendo no ambiente de trabalho é importante, porém não nos ajudam nas duas principais necessidades.
Após isso surgem as iniciativas do setor de recursos humanos da organização para melhorar o engajamento no trabalho.
Sejam elas:
Entre muitos outros exemplos que posso citar. Mas o que ocorre nessas situações é que elas apenas motivam as pessoas por um curto período de tempo.
Elas não conseguem resolver os problemas, pois são ações pontuais que são feitas na esperança de que os números melhorem na próxima pesquisa que for realizada.
No vídeo abaixo eu falo sobre o que é engajamento no trabalho e sobre as categorias de engajamento profissional:
Se você quiser saber como está o seu engajamento com o trabalho, ou dos profissionais da sua equipe, tente prestar atenção nas seguintes características que vou descrever.
Alguém que está ativamente desengajado com seu trabalho faz apenas o mínimo necessário.
Mesmo que uma atividade esteja relacionada com as suas responsabilidades é comum que esse profissional faça o trabalho da forma mais rápida possível apenas para se livrar da responsabilidade.
Dessa forma a qualidade não é uma característica desse profissional.
Um profissional ativamente desengajado de forma nenhuma vai recomendar a empresa, muito pelo contrário, é muito comum inclusive que ele fale mal do próprio trabalho.
Isso ocorre pois ele não consegue enxergar o objetivo por trás do trabalho que está realizando.
Quem está ativamente desengajado quer o mínimo de contato possível com seus líderes e gestores.
O profissional não quer ser cobrado e qualquer nova responsabilidade não é bem vinda pois é vista como um problema a mais para ser resolvido.
Quem está ativamente desengajado com o seu trabalho reclama bastante.
Não existe nenhuma conexão com os valores, missão e cultura da empresa fazendo com que o profissional fique totalmente infeliz e frustrado com o seu trabalho.
Talvez esse seja um dos maiores problemas, além do fato de não conseguir se sentir feliz com o seu trabalho.
O profissional ativamente desengajado acaba contaminando os demais e em muitos casos comprometendo até mesmo a cultura da equipe.
Alguém que não está engajado com seu trabalho dificilmente fala ou emite sua opinião, aparenta estar trabalhando no automático e procura não se envolver em coisas do trabalho que não sejam suas responsabilidades diretas.
Quem não está engajado normalmente não consegue ter motivação para trocar conhecimento com os colegas, ele acredita que não fará a diferença e não quer assumir mais compromissos.
Com certeza esse é o fator mais prejudicial de quando não estamos de fato engajados com nosso trabalho.
Quem faz somente o básico normalmente não é muito produtivo ou sua produtividade oscila bastante, porém nunca é excelente.
Normalmente quem não está engajado no trabalho não tem muito interesse em se desenvolver profissionalmente naquilo que está fazendo. Pois dificilmente irá fazer algum treinamento, especialização ou estudo por conta própria, muitas vezes nem cobra isso da própria empresa.
A parte financeira é muito importante, para todos os profissionais. A questão relacionada a quem não está engajado com o trabalho é que ela se torna muito mais importante.
Em suma, como não existe um real engajamento com os valores, missão e cultura da empresa, o salário acaba se tornando o motivo que leva o profissional a levantar da cama e ir ao trabalho pela manhã.
Alguém que está engajado é sempre pró-ativo em trazer novas ideias e soluções para sua equipe, mesmo quando isso não é de sua responsabilidade direta. Por causa disso ele ajuda a empresa a atingir seus objetivos.
É fácil identificar alguém assim no trabalho, é a pessoa que não desanima com os problemas e desafios do dia a dia, está sempre empolgado para melhorar e atingir resultados.
Por causa disso, ele não vai reclamar quando precisar fazer um esforço maior para realizar suas atividades e trazer resultados, sejam elas quais forem.
Quando um profissional engajado vê uma oportunidade de melhorar ou resolver algum problema ele não fica reclamando ou esperando alguém resolver, ele mesmo busca uma solução de forma pró-ativa.
Quem está engajado com o trabalho sempre quer melhorar no que faz, ser bom em fazer o que gosta é recompensa suficiente.
Também sempre que possível ajuda os colegas, pois quer trabalhar com os melhores, sabe que dessa forma estará ajudando o negócio a crescer.
Profissionais engajados sempre são curiosos sobre o andamento das coisas na organização, se interessam por assuntos que não estão relacionados com suas responsabilidades, estão sempre fazendo perguntas.
É claro que não podemos depositar toda a culpa pelo baixo índice de engajamento no trabalho em cima dos gestores, gerentes e CEOs. Mas não podemos deixar de concordar com Jim Harter, um dos líderes da Gallup.
Perceba as características que descrevi anteriormente, o profissional somente irá conseguir se sentir engajado e ter esses comportamentos se a forma de gestão e a cultura da organização permitirem.
Quando temos profissionais engajados no nosso time isso impacta diretamente nos resultados da empresa, pois quando alguém está engajado age como se fosse o próprio dono do negócio.
Por exemplo, quando estamos engajados fazemos o necessário para realizar as coisas, independente do nosso papel ou cargo, nos importamos com as pequenas coisas e fazemos mesmo que ninguém fique sabendo ou esteja olhando.
Claro que todos os empresários, gestores, líderes e empreendedores querem que suas empresas e equipes sejam engajadas com o trabalho. Mas infelizmente isso é uma coisa que ninguém pode demandar, o engajamento não pode ser forçado ou comprado.
Acredito que a responsabilidade pelo engajamento é maior da empresa que do profissional, claro que em alguns casos não importa o que a empresa fizer pode acontecer de algum profissional não se engajar.
Nesse caso provavelmente esse profissional não possui interesse naquilo que a empresa busca e representa, ele nem deveria estar lá em primeiro lugar.
É responsabilidade da empresa deixar claro para todos que trabalham nela:
Mas principalmente, é responsabilidade da empresa criar uma cultura e praticar uma forma de gestão que possibilite com que as pessoas possam agir da maneira que se deseja.
Caso contrário, por mais interesse que o colaborador possua, ele vai acabar esbarrando na estrutura e forma de gestão da organização.
Você pode até me dizer que ninguém consegue motivar outra pessoa, que isso somente ela mesma pode fazer.
Eu acredito que podemos sim criar experiências humanas no ambiente de trabalho, para que elas incentivem os motivadores intrínsecos que irão auxiliar no engajamento das pessoas com as atividades que elas realizam diariamente.
A Cultura Organizacional é o fator principal que precisa ser compreendido antes de realizarmos qualquer tipo de mudança.
Precisamos saber qual é o contexto atual da cultura que foi criada ao longo dos anos na nossa equipe, quais fatores estão levando as pessoas a se comportarem da maneira que se comportam diariamente.
Esse entendimento é necessário para podermos criar experiências engajadoras no ambiente de trabalho.
Algumas empresas apostam em programas de recompensa que custam muito caro e trazem pouco resultado.
Já vi muitas empresas fazerem isso com a melhor das intenções, muitos gestores quando fazem isso estão tentando fazer o melhor para sua equipe e empresa, mas esse tipo de modelo não é efetivo.
Um programa normalmente consegue motivar a busca por um objetivo durante seu andamento, porém não vai necessariamente alterar o comprometimento e envolvimento dos profissionais a nível emocional com seu trabalho.
Na verdade esse tipo de abordagem pode ser bastante perigosa, pois com o tempo pode condicionar as pessoas a buscarem objetivos apenas quando alguma recompensa extra for oferecida.
Existem outros problemas que podem ocorrer nesse tipo de modelo. Por exemplo, as pessoas podem ignorar a forma como estão atingindo os seus resultados com o único objetivo de vencer, prejudicando totalmente o trabalho em equipe.
Uma cultura organizacional engajadora não é apenas satisfatória para os seus talentos, ela é imprescindível para os resultados de uma organização nos dias atuais.
Estruturas organizacionais e formas de gestão ultrapassadas impedem que as pessoas utilizem todo o seu potencial, elas geram muitas dependências, amarras e impedimentos que dificultam que qualquer pessoa tente realizar alguma coisa diferente para buscar a inovação.
Como estamos vendo a cultura organizacional engajadora não é fácil de ser encontrada, é necessário que a gestão esteja disposta a aceitar que pode melhorar e tenha a humildade para receber o feedback da sua equipe.
E também é necessário que a equipe se engaje em buscar essa melhoria, seja fornecendo feedback sem receios ou ajudando a melhorar a cultura estando mais aberta a tentar novas formas de trabalhar.
Mas você tem todas as condições de, juntamente com a sua equipe de trabalho, conquistar esse tesouro ao final da jornada.
Melhores resultados em nossos trabalhos e a sensação de felicidade e pertencimento enquanto fazemos isso.
Espero que tenha gostado da leitura e ficarei muito feliz se você der o seu feedback sobre esse conteúdo.
Um grande abraço e até a próxima!
